terça-feira, 20 de abril de 2010

Como fazer a higiene do cão

Não espere comentarem que seu cão mudou a cor do pelo ou que ele poderia ser xará do Fedido do livro Querido Diário Otário, para não falar no incômodo que a sujeira causa no próprio cão – e ele vai querer resolver do jeito que pode, se coçando, lambendo e mordendo, podendo até se machucar. Asseio é mais um belo aspecto tanto de saúde quanto de guarda responsável. Manter o canino limpo e feliz não é tão complicado, nem é para ser uma tarefa chata para o bicho e o tutor, muito pelo contrário.



A pele canina tem potencial de hidrogênio (o famoso “pH”) menor que a humana e, portanto, menor acidez, necessitando de menos banhos que a humana. Quer você mesmo lave o canino ou o envie a uma pet shop para banho profissional, evite banhos em excesso, para não ressecar ou amolecer demais a pele do bicho. Pelo mais curto exige menos banhos; pelo longo bem escovado (bem escovado, ouviu?), idem, e cães ativos que saem mais de casa precisam mais que os sedentários. De modo geral, uma vez por mês é uma boa média, e para cães de pele mais grossa pode bastar um banho a cada quatro meses!

Preparo

Comece antes de começar. Explico: antes de começar o primeiro banho, acostume o cão com a ideia de que banho é coisa boa e prazerosa. Se é o primeiro banho do peludo, evite ir ligando o chuveiro logo de saída, para que ele não se assuste e passe a querer tudo menos banho.

Ah, sim, o local: este deve ter, de preferência, uma porta ou algo do tipo, para evitar que o cão fuja do banho ou espalhe água pela casa toda antes de ser bem enxugado. Ao escolher o local onde ele irá se banhar, leve petiscos e brinquedos de que ele gosta e o recompense por bom comportamento.

Muita gente transforma prazer em obrigação. Melhor transformar obrigação em prazer. Se o dia estiver quente, que tal uma ducha com mangueira (além de xampu etc., claro, conforme a listinha mais abaixo) no jardim, terraço ou quintal? Outro detalhe: seja no quintal ou no banheiro, a festa não vai ser só do cão. Vá preparado para se molhar também, especialmente se o peludo molhado der uma daquelas sacudidas bem caninas para se livrar da água.

Se o canino escorregar demais ou mostrar muito medo de entrar em box ou banheira, use um chuveirinho daqueles de mão e coloque um tapetinho de borracha ou toalha no chão da banheira ou do local. Se for cão dos bravos, talvez sejam necessárias focinheira e coleira para ele não resolver se vingar do banho com mordidas. Ah, a coleira: use de náilon ou metal, pois as de couro podem encolher. Se o peludinho é filhote, só deve tomar banho a partir da quinta semana de vida. Se for de pequeno porte, pode até tomar banho na pia – desde que não seja inquieto o suficiente para pular!

Antes de abrir a água, escove bem o pelo do bicho, para evitar que grumos de sujeira se combinem com a água e formem uma massa boa para entupir ralos – e nós dos pelos são bem mais fáceis de remover com o canino ainda seco. Escove também após enxugar o bicho. E enxugue o cachorrinho bem enxuto, para evitar que ele se esfregue molhado em algum lugar e atraia sujeira de novo!

Se o cão tomou “banho” de tinta, piche ou algo assim, primeiro amoleça a “cobertura” com vaselina, óleo vegetal ou óleo mineral, na véspera do banho para valer – mas nada de solventes, detergente, alvejante e similares, que podem ser tóxicas para ele. Se usar banheira ou bacia, encha só até a altura dos joelhos do cão e na temperatura morna, não mais quente que o próprio bicho; ao terminar cada enxaguada, esvazie a água e encha de novo até os joelhos do peludo.

Material para o banho

Vamos recapitular: xampu (que merece um parágrafo só para ele daqui a pouco), algodão em bolas, esponja, toalhas, tapetinho de borracha ou pano, soro fisiológico (pode ser caseiro, feito com água e pouco sal), um canto seco no local do banho para enxugar o cão, pente, escova, escovinha para as unhas, pinça para remover “visitantes” como pulgas e carrapatos e tesoura para os nós mais górdios, e escova de dentes. Não esqueça os brinquedinhos e petiscos, para que o cão, bicho associativo por excelência, aprenda a encarar o banho como um prazer.

Aqui começa o já famoso parágrafo do xampu. Este deve ser especial para cães, pois, como já dissemos, o pH da pele humana é mais alto que o dos peludos, e produtos para humanos podem causar alergia ou irritação (em todos os sentidos) nos caninos. Leve o bicho ao veterinário para ver qual xampu é o ideal para ele. Na falta de xampu canino, use xampu infantil ou de ervas; xampu para adultos menos peludos só se for suave e em último caso. Agora, tem um detalhe que vale para humanos e também para cães: evite deixar cair xampu nos olhos do bicho, pois “xampu que não irrita os olhos” tem na verdade um componente anestésico que inibe a dor e pode irritar os olhos do mesmo jeito.

Se o peludo for realmente bastante peludo, um condicionador pode ajudar a desembaraçar o pelo. Após lavar, enxágue várias vezes, pois resíduos de xampu ou condicionador incomodam o cão, inclusive fazendo-o se coçar até ferir a pele.